“SENTIMENTO DE CULPA”

“Os erros são ferramentas de Aprendizagem…”

Quando criou o homem, deu-lhe Deus o livre arbítrio, e este legado continua a fazer parte da natureza humana. Entende-se que a liberdade do homem é o poder pelo qual ele próprio decide as suas questões, seus atos, e dirige o próprio destino. Quer dizer que quando ele toma uma decisão, fá-lo por si mesmo. É sua mesma a decisão e não de outrem. É a própria pessoa, enfim, que decide e que resolve sobre todos os seus atos. O fato de que Deus, em todos os tempos, tem reconhecido o homem como responsável pelos seus atos é uma das provas frisantes do livre arbítrio. O próprio homem também reconheceu a sua responsabilidade em uma má escolha que fez. Tinha o homem a plena liberdade de escolher entre o bem e o mal, e Deus lhe disse, claramente, que seria responsável pela escolha que fizesse. E Adão, para desculpar-se, disse: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi”. (Gn 3.1-24)

Deus deu a Adão e Eva o direito de escolha, ou seja, o livre-arbítrio. Como um fruto tinha o poder de trazer tanto mal? É importante entender que foi o “Ato” e não o fruto. O que fazer quando a consciência de uma falha, erro ou imperfeição ao invés de trazer discernimento e lucidez, traz mal- estar e estagnação? A culpa está no mundo desde o início dos tempos. E a saga da primeira culpa segue com os seus desdobramentos. Não há psique humana que não tenha a noção de que se deve e se é devedor de alguma coisa, porque o homem é o ser que promete e que tem memória. Com exceção da doença mental, qual a razão da maioria dos suicídios? A culpa. “Perdoa as nossas dívidas assim como nos perdoamos aos nossos devedores”. Festeja-se muito o ato de “perdoar os outros”, mas, o mais difícil é perdoar a si mesmo. Quem coleciona culpas acaba imerso no remorso. Nesse estágio, as culpas se transformam numa dívida impagável. Se, perspectiva de redenção, passa-se a uma existência amarga. Então, tudo o que acontece, é culpa dos outros, afinal, sempre se precisa de um culpado.

Esqueça de quem é a culpa e passe a ver “responsabilidades”. Essa é a chave dos “Atos”. Quando se assume responsabilidade se parte para a luta, agindo e consertando as coisas. Racionalmente se enxerga um erro, mas junto com o erro vem um sentimento de vergonha, porque se assume um ser quase perfeito diante de uma sociedade. Depois de se livrar do delírio de achar que se controla a própria vida, é preciso assumir suas imperfeições. Mas também assuma a sua capacidade de aperfeiçoamento e reinvenção. Uma das mais belas e conhecidas Parábola contada pelo Mestre é a do Filho Pródigo. Trata-se da história do pai e dos dois filhos, um dos quais, cansado da vida pacata do lar, decidiu abandonar tudo e buscar a liberdade que tanto desejava. Como se não bastasse magoar o pai com sua atitude rebelde e ingrata, ele ainda pediu sua parte na herança da família, algo que os filhos só recebem quando os pais morrem. O pai, respeitando a liberdade de escolha do filho, deu-lhe o dinheiro. E o filho abandonou o lar. Livre das restrições paternas, o rapaz passou a esbanjar o dinheiro em bebedeiras, festas e com mulheres. Enquanto tinha recursos, esteve cercado de amigos. Mas o dinheiro acabou e a fome bateu. O que fazer agora?

Foi procurar emprego e acabou cuidando de porcos, um trabalho extremamente humilhante para um judeu. O jovem que se gabava de sua liberdade de repente se viu escravo das circunstâncias. Ele que reclamava da comida de casa, agora disputava a ração dos porcos para não morrer de fome. Onde estavam os amigos agora? As mulheres, o som de festa?  O que aquele jovem descobriu foi que quando se erra, é preciso pedir perdão, mesmo que não seja perdoado. E foi essa noção que o fez pensar em voltar. Se Adão e Eva tivessem pedido perdão ao Pai, em invés de culpar um ao outro, com certeza seriam perdoados pelo fato do arrependimento. Com a cabeça baixa, as roupas esfarrapadas e uma tonelada de culpa sobre si, o filho se aproximou de casa, mas não surpreendeu o pai, que o avistou à distância e correu em sua direção, dando-lhe um abraço apertado, cobrindo sua miséria com a própria capa. O Pai sempre espera pelo seu filho. O passado estava esquecido, os pecados perdoados, e ninguém podia dizer nada em contrário. A Mensagem Central para quem se sente culpado, é o Amor Incondicional do Pai. Assim, os erros levam sempre a um grande aprendizado. O jovem descobriu que na “terra distante” só existem frustrações, tristeza, humilhação, acusadores, vazio, amigos falsos e culpa. O Perdão pertence somente ao Pai. “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”. (Lc 23.34)

“PR.JONAS GOES”