“DEBAIXO DO SOL”

Psicopedagogia Através da Palavra

Um Monge Hindu dizia com muito acerto: “Deus é a Unidade sem a qual só existem Zeros.” Os zeros que se acrescentam aos zeros nada alteram: “Tudo fica sendo zero”! Mas se colocar o número “UM”, uma só Unidade, o “UM” em último lugar, o conjunto, por mais longo que seja, ficará valendo muito pouco. Se colocar o Um em penúltimo lugar, já o conjunto valerá Dez, caso ponha a Unidade em terceiro, em quarto, em quinto lugar, a série irá aumentar de valor (cem, mil, dez mil…). Finalmente, se colocar o número Um à frente de cada série, ter-se-á: Milhão, Bilhão, Trilhão…Os zeros tomam imenso valor desde que o “UM” lhes seja anteposto e os Ilumine. Deus é esse “UM”, o Valor Absoluto, sem o qual as criaturas nada são.

Se Deus ficar em último lugar, por mais numerosos que sejam seus bens, suas riquezas, seus tesouros nesta terra, equivalerão a uma longa série de zeros; deixarão o seu possuidor sempre frustrado e insatisfeito. Eis o motivo da insistência apresentada pelo Mestre: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos.” Para enterrar cadáveres materiais, ou os mortos no sentido espiritual, há sempre gente suficiente brigando pelas coisas deste Mundo. Tais pessoas estão apegadas aos zeros e não ao Número “UM”. Esta figura de linguagem metaforicamente se compara com o qual tudo é vaidade e correr atrás do vento. Salomão, o homem mais sábio e rico do mundo, atentou para todas as obras que se fazem debaixo do so,, e eis que ele viu que tudo era vaidade: “Há um mal terrível que vi debaixo do sol: riquezas acumuladas para a infelicidade do seu possuidor”. (Ecl 5.13)

A Reflexão Existencialista do rei Salomão: “Debaixo do Sol”, “Atentei” e “Tudo é Vaidade”, propõe ao homem fazer uma análise vertical da vida, a existência que acontece a partir de um processo autônomo, isto é, ele olha para a vida que acontece sem o referencial do “Número Um”, sem Deus. O texto já inicia pela conclusão, a síntese de sua descoberta “…Vaidade de vaidades!” “Tudo é Vaidade”! (Ec 1.2) A palavra Vaidade nesse contexto não está se referindo ao exibicionismo e narcisismo manifestados por muitos homens, e sim, a ocorrência de uma existência que prescinde da própria essência do Ser, esvaziando-se da divindade do Criador.

Porque o termo “Vaidade” significa “Vazio”, “Zero”, pois, o autor envereda por uma viagem existencial, através da qual ele busca vários caminhos, tentando em algum deles encontrar um sentido para a vida, isto é, algo que por si só pudesse dar significado a sua própria vida. Porém, ele conseguirá descobrir que “Existem muitos caminhos que parecem levar a algum lugar, porém, o final deles é a morte. Tentar encontrar o sentido da vida sem o Absoluto, sem o Número UM é empreender uma corrida Atrás do Vento, na qual o indivíduo nunca atingirá sua meta, pelo contrário, só encherá sua vida de zeros, de vazios existenciais, ficando sempre mais distante de encontrar o que busca “Debaixo do Sol”. “Teme a Deus e Guarda os Seus Mandamentos; porque este é o dever de todo homem”! (Ecl 12.13)

“Dra. Mônica Druzian”

Deixe um comentário